42 SEXTA-FEIRA, 28 MARÇO DE 2011 . “Na Argentina há oportunidades incontornáveis de investimento” Acabado de regressar de uma missão de várias semanas de prospecção do mercado da Argentina, o director-geral da Finance XXI não podia estar mais optimista. Num exclusivo à “Vida Económica”, José Marques da Silva revela que “a Argentina é um país rico em recursos naturais e pleno de oportunidades, particularmente para as empresas portuguesas que gozam, em geral, de boa reputação no mercado”. Com uma taxa de crescimento de “cerca de 8% em 2010 e um crescimento médio estimado entre 4,5% e 5% ao ano, “a Argentina estará no núcleo da frente do crescimento mundial”. Daí que, “numa perspectiva mais de médio e longo prazo e de maior envolvimento local, há sectores incontornáveis com oportunidades interessantes para o nosso investimento”, nota José Marques da Silva. Estando a Argentina “entre os maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas”, com destaque para o milho e a soja, ou o petróleo verde como é conhecida localmente esta importante ‘commoditie’, “toda a fileira agrícola e agro-pecuária e, em particular, a mão-de-obra qualificada, como engenheiros agrónomos, tem na Argentina oportunidades muito interessantes”, acrescentou o director-geral da Finance XXI. A par disso, a aposta estratégica daquele país do Mercosul no desenvolvimento de uma indústria de dimensão internacional de programação informática e tecnologias de comunicação “tem impulsionado um mercado que tem crescido a dois dígitos desde 2005”. E vários são os projectos têm ganho visibilidade internacional, como a empresa de internet OLX ou a maior empresa de comércio electrónico da América Latina “Mercado Libre”. O Ministério da Educação da Argentina estima, aliás, que “até 2015 o país venha a precisar de cerca de 20 mil engenheiros especialistas em programação informática e que cerca de metade virão do exterior”, razão por que “as oportunidades neste sector são transversais a toda a economia e a presença da portuguesa TIM We é bem o exemplo do sucesso neste mercado”. Não menos importante são áreas da saúde, biotecnologia, indústrias criativas, os serviços especializados (como engenharia para industria petrolífera), controlo de obra, moda, calçado e têxteis, assim como a indústria automóvel e a dos componentes, que “tem crescido a um ritmo muito significativo nos últimos anos”. Consequência disso, a Argentina é hoje “líder na montagem automóvel na América do Sul”, havendo já empresas portuguesas, como a Simoldes, “muito bem posicionadas neste mercado e espaço para que outras lhe sigam o caminho”. Questionado sobre a melhor forma de investir na Argentina, Marques da Silva defende as empresas e os estados se associem, “cruzando interesses e participações, para reduzirem o risco das operações e valorizarem as respectivas ofertas”. Já sobre o financiamento das operações e o sistema bancário argentino, José Marques da Silva é cauteloso. É que, sendo o sistema bancário argentino “bastante complexo” e com “várias especificidades”, o director-geral da Finance XXI alerta para o facto de não haver presença física por parte de bancos portugueses, que apenas se fazem representar “através de bancos correspondentes”. A excepção, diz Marques da Silva, que é também “uma curiosidade interessante”, é o Banco Piano, uma antiga casa de câmbios que obteve a licença bancária e que foi fundado e é gerido por um cidadão português – o comendador Alfredo Piano, seu actual presidente. Nota da redacção: A entrevista com o director-geral da Finance XXI, José Marques da Silva, que publicámos na página 47 da edição anterior surgiu com o título errado. O artigo publicado tinha como título “Portugal reforça medida de austeridade e espera flexibilização das ajudas”, mas o título correcto é que colocamos desta feita. Com o devido pedido de desculpas aos leitores e ao entrevistado, republicamos o artigo. “O sistema financeiro português não tem presença física no mercado [argentino], à excepção do Banco Piano, uma antiga casa de câmbios que obteve a licença bancária que foi fundado e é gerido por um cidadão português”, revelou José Marques da Silva à VE.
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